Todos os tipos de relacionamentos trazem um mesmo medo: o da traição. Superar pode ser difícil, mas não impossível, conclui a Dra. Daniele N. Tubini, psicóloga.
Um mais um não é igual a três
Seja nas relações de amizade, afetivas ou de trabalho a traição é, ao mesmo tempo, causa e efeito e faz vir à tona uma série de sentimentos. A traição é causa porque traz um abalo na estrutura da relação atual e efeito, porque também é decorrente de desequilíbrios na relação.
A infidelidade na relação afetiva não pode ser vista como culpa de uma pessoa só dentro da relação. Se a relação está boa para os dois lados, dificilmente se instalará uma infidelidade. Agora, se a relação não tem intimidade, cumplicidade e respeito, o terreno poderá ser fértil para uma traição.
Superar é um ato heroico
- Não necessariamente uma traição decretará o fim da relação. Em casais que tem um certo grau de maturidade e amor (sim, porque se o amor ainda existe, é crucial para uma reconciliação), as primeiras conversas serão definitivas para uma reconciliação ou não. Sempre as decisões tem que ser pautadas pelo lados racional (razão) e emocional (sentimentos) em equilíbrio, nunca no “calor da situação”;
- Empatia pelo outro: por incrível que pareça, a empatia é uma das chaves para superar uma traição. Entender os motivos do outro e os próprios motivos, deixar o outro esclarecer seus sentimentos e também poder expressar a própria raiva, trazem às claras as insatisfações internas reprimidas e a compreensão se torna mais fácil;
- Assumir os próprios erros na relação: toda relação tem 50% de responsabilidade de cada parceiro em seu sucesso ou fracasso. Repensar dessa forma, torna a traição uma crise que pode significar a possibilidade de reparar os motivos pelos quais ela aconteceu;
- Fazer deste assunto um assunto particular do casal: a opinião social dos familiares e amigos pode impactar na decisão do casal. Essa crise somente o casal deverá enfrentar. Para evitar que os sentimentos de humilhação, exposição, vergonha e culpa sejam maiores do que já são.
Impacto no comportamento e na saúde
A Dra. Daniele N. Tubini, psicóloga e psicoterapeuta da Clínica de Comportamento e Saúde, destaca um dos maiores impactos de uma traição: a falta de confiança. “Para o traído, a confiança acabou e o medo de que aconteça novamente se instala. Principalmente se houver a crença de que perdoando uma traição, está abrindo caminho para outras. Podem surgir sentimentos de ciúmes e controle intensos, o que pode destruir uma relação já desgastada e que tem que ser construída novamente em outras bases para que dure. Para lidar com isso, o traidor deverá se mostrar muito transparente e provar que não vai acontecer novamente. Só com o tempo, a confiança é reconquistada”.
O abalo na auto-estima é outro dos grandes impactos. “O traído geralmente sente-se a pior pessoa da face da Terra e tende a culpar primeiramente sua aparência. Imagine o estrago na auto-estima. Quando entendemos que nossa responsabilidade passa por nossa aparência e abarca nossos sentimentos mais íntimos, podemos assumir a nossa responsabilidade com mais consciência e menos depreciação”, complementa.
Nos casos em que o casal não tem estrutura para suportar a traição e manter um relacionamento, mas tem o desejo de ficar juntos, a psicoterapia de casal é o tratamento mais indicado. O tratamento engloba as questões individuais que estão influenciando no relacionamento e o medo inerente da situação. Há o processo de aprendizagem de como o casal lidará com estas questões dentro do casamento, para que possam vivenciar juntos o amor novamente e não somente os conflitos.
Equipe Comportamento e Saúde
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