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As crises dos 7, dos 14 e dos 21

Toda crise é um sinal. É sinal de que não dá mais para esconder o fato de que as ideias do casal não estão mais batendo, alerta o Dr. Sandro Tubini, psicólogo.

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Crise na relação?

De acordo com especialistas, alguns ciclos marcam a vida dos casais. A mais famosa é a crise dos sete anos, uma marca tão conhecida que já se tornou temida. Mas não são só nos sete anos que as coisas começam a ficar complicadas: tem também a crise dos 14, dos 21 (e até mesmo a de um ano).

A boa notícia é que estes “fenômenos” podem ser explicados pelas próprias mudanças que a vida impõe, normalmente ligados à fatores psicológicos, comportamentais e sociais/familiares. Por isso, conhecendo as causas, fica mais fácil traçar estratégias para prevenir ou saber reverter quando o caos se instaurar na vida a dois. Veja a posição da Dra. Carla Cecarello (psicóloga e sexóloga):

  • O crescimento dos filhos ajuda a marcar ciclos, que exigem do pai e da mãe respostas diferentes ao longo do tempo. “O casal é de um jeito um até ter filhos, depois, passa a ser outro”, observa;
  • No entanto, isso não quer dizer que os casais sem filhos não podem ter crises. “Eles também podem ter problemas, mas são de natureza diferente, geralmente mais ligados à individualidade e à solidão”;

Ela observa também que atualmente as relações estão mais frágeis, por isso, as crises são mais frequentes entre a geração de pessoas na faixa de 40 e 50 anos, “que ainda entendem a família como um núcleo importante”. Para ela, os casais mais jovens tendem a se se separar mais cedo. “A paixão, segundo os estudos clínicos, dura no máximo dois anos. Muitos casais atuais não resistem depois disso”, pontua.

Crises dos 7 anos: a mais comum

O primeiro e segundo ano, conforme a dra. Ana Carolina F. Bertoni (psicóloga), correspondem à fase de se “acertar os ponteiros”. Veja:

  • “O casal vem da empolgação do namoro, da preparação da festa de casamento e, de repente, se depara com a vida real, com cobranças, sem princesa ou príncipe encantado”, explica, acrescentando que parte das brigas ocorrem porque as expectativas muitas vezes são frustradas;
  • A crise mais comum é a dos sete anos. “Segundo o IBGE, a maioria dos divórcios (21%) acontece entre o quinto e o nono ano de casamento, então poderíamos supor que existe mesmo um período crítico perto dos sete anos”, analisa;
  • Ela observa que, ainda segundo o órgão, 18% dos divórcios acontecem logo no primeiro ano do matrimônio, o que comprova que “também existe uma fase crítica no começo dos casamentos”;
  • Os que sobrevivem e geram frutos acabam enfrentando algumas dificuldades ligadas futuramente às crianças. “Depois que se torna mãe, a mulher passa por uma fase de entrega total ao filho. E muitas vezes também trabalha fora. Então é complicado dar conta de tudo isso dentro da dinâmica de um relacionamento”;
  • Ao final dos primeiros sete anos de casados, as novidades vão ficando mais escassas. A especialista observa também que é nessa época que a paixão cede lugar a um sentimento mais ameno. “As obrigações do dia a dia tornam-se mais relevantes que a preocupação com o namoro”, pontua.

Crise dos 14 e dos 21

A crise dos 14 geralmente coincide com a adolescência dos filhos, uma fase muito crítica, segundo Carla. “É o momento que vão se deparar com namoros e com a vida sexual dos filhos. É uma fase de questionamento da própria vida sexual, isso mexe diretamente com a dinâmica do casal”, pontua.

Já as crises que chegam próximas aos 21 anos de casamento, diferente das outras, também tem um aspecto físico envolvido: as questões hormonais masculinas e femininas, que mudam muito com o passar dos anos. Segundo Carla, geralmente também é a fase quando os filhos começam a sair de casa, e muitos casais não sabem lidar com o distanciamento que se criou entre os dois.

Conheça os sinais

  1. Uma crise pode se manifestar por meio de discussões comuns que acabam tomando proporções maiores. “O casal fica amargo, não consegue mais se divertir junto, não tem sintonia, não faz questão de estar perto, nem de escutar o outro”, relata Ana Carolina;
  2. Entre outros indícios estão o hábito de achar defeito em tudo o que a pessoa faz, ou a necessidade maior de individualidade. “Até o espirro dela te incomoda. Você prefere ficar sozinho a ficar com a pessoa, e às vezes se pega dando graças a Deus por a pessoa não ter chegado em casa, ou pelo outro ter ido viajar.”
  3. A duração de uma crise vai depender da personalidade dos envolvidos, uma vez que, enquanto algumas pessoas têm mais resistência às fases ruins, outras não aguentam semanas.
  4. Resta saber se ainda há amor e disposição para superar a fase crítica. Pode ser mais que uma crise se você identificar sentimentos como raiva e ódio. “Se você perceber que perdeu o tesão e especialmente a admiração pela pessoa, o casamento acabou”, explica Carla.

O impacto no comportamento e na saúde

“Atualmente, tanto homem quanto mulher estão envolvidos com tantas cobranças de metas, de tarefas e de trabalhos durante o dia-a-dia, que a maior preocupação passa a ser o trabalho. O ser-profissional fica tão perfeito de tanto empenho e dedicação que não paramos mais de pensar nele. E por isso, pensar na vida pessoal dá até preguiça. No entanto, com o passar do tempo, alguns sinais surgem para nos lembrar que de nossa vida é muito mais ampla do que a mesa do escritório. Estes sinais de alerta chamam-se crises”, esclarece o Dr. Sandro Tubini (psicólogo e psicoterapeuta da Clínica de Comportamento e Saúde).

Equipe Comportamento e Saúde

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