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Excesso de proteção faz mal aos filhos?

"Qualquer excesso é prejudicial e passa a ser nocivo na vida. A proteção também funciona assim, por isso sempre que possível é importante deixar as crianças agir por si só", explica o dr. Sandro Tubini, psicólogo.

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Proteção em excesso é nocivo

A proteção aos filhos é um instinto natural de todos papais e mamães, além de ser também um ato social de responsabilidade. No entanto, quando o zelo se torna excessivo, o desenvolvimento dos pequenos pode ficar comprometido, especialmente do ponto de vista da capacidade de agir perante novas situações.

Jéssica Fogaça, psicóloga, afirma que os cuidados exagerados dos pais podem ter impacto direto na autoestima dos pequenos, que passam a se observar como incapazes, fracos e frágeis. “Essas crianças aprendem que os adultos devem cuidar delas e protegê-las, pois há algo de muito ameaçador no mundo e que devem ter cuidado sempre”, diz.

“Qualquer excesso é prejudicial e passa a ser nocivo na vida. A proteção também funciona assim, por isso sempre que possível é importante deixar as crianças agir por si só”, explica o Dr. Sandro Tubini, psicólogo e psicoterapeuta da Clínica de Comportamento e Saúde.

A longo prazo, essa superproteção pode gerar um transtorno de ansiedade na criança, pois ela ficará sempre em estado de alerta e com receio de algo. Além disso, a superproteção impede a exploração o mundo e o aprendizado por meio das próprias experiências. “Essas barreiras podem acarretar um atraso no desenvolvimento motor, como demora para andar ou falar, uma vez que não precisam treinar essas habilidades, pois os pais fazem por ela.”

Crianças dependentes x obesidade

Os especialistas avaliam que filhos que recebem excesso de zelo tornam-se muito dependentes da ajuda e da opinião dos pais e, por consequência, não conseguem realizar algumas atividades que outras crianças da mesma idade fariam, como iniciar uma conversa, dizer o que estão sentindo, explorar novos ambientes, tomar pequenas decisões e até mesmo, dormir sozinhas.

Outro risco para o filho é a obesidade. VEJA:

  1. “Muitos passam a recorrer à comida como forma de conforto, uma vez que os pais superprotetores causam a ideia de que o mundo é assustador, gerando ansiedade nos pequenos”, explica a especialista, descrevendo ainda que crianças e adolescentes protegidos demasiadamente podem se tornar adultos ansiosos, inseguros, egoístas, impacientes e individualistas;
  2. Tais características geram diversos problemas nos relacionamentos interpessoais. “Eles esperam que os outros resolvam, não expõem suas opiniões, não conseguem tomar uma decisão e não têm iniciativa. Em um ambiente de trabalho essas inabilidades são altamente prejudiciais”, afirma a psicóloga;
  3. “Já adultos podem demonstrar traços infantilizados, principalmente nos relacionamentos amorosos, nos quais esperam que o outro faça tudo para si. São manhosos, ciumentos e imaturos”, completa.

O excesso de limites ou a falta deles é igualmente prejudicial à criança. De acordo com a especialista, realizar pequenas atividades domésticas ajudam a criança a ter autonomia, a treinar para a vida, a ter responsabilidade e perceber-se como capaz. “Os limites dão contorno à criança, pois é o que dá a medida do que ele pode ou não fazer”, relata.

O impacto no comportamento e na saúde

Se você é um pai ou mãe super protetor, confira as sugestões da especialista para saber lidar com seus filhos:

  • Tenha consciência de que seu papel é o de preparar o filho para viver na sociedade. Para isso, ensine-o a conversar com as pessoas, tomar a iniciativa, realizar atividades sozinho, pedir ajudar, colaborar, ouvir, falar e explorar. Tudo é feito por meio da experimentação, logo, os pais precisam permitir isso aos seus filhos;
  • Proteger é responsabilidade dos pais, mas tudo que é demais não é saudável. A vida depende do equilíbrio. Para tanto, os pais devem orientar, dar modelos adequados e não podá-los, não fazer por eles;
  • Falar, perguntar, explicar e descrever são as ferramentas mais preciosas na educação das crianças. Dessa forma, invista no diálogo, na orientação e fique próximo aos filhos. No entanto, permita que eles mesmos façam as experimentações.

Equipe Comportamento e Saúde (VilaMulher)

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